segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Meu querido psicanalista

Vinte anos não são vinte dias, você já se perguntou a razão disto? Tenho por você uma grande estima e um respeito ainda maior. 
Uma vez escrevi para você que você que nunca me deu um punhado de flores, mas me garantiu que haveria terra fértil para eu plantar rosas.
Agora entenda-me: sei que você precisa descansar e te juro que isso me desestabilizou, por isso tantos desencontros.
Vou te esperar aguando terreno forte que você me fez encontrar. Obrigada.
Maria Helena Junqueira Reis
outubro de 2014

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

A psicanálise que tanto me atormenta

Parece não ter fim. Hoje, depois de vinte anos de tratamento, me perdi. Ninguém pode imaginar o que estou sentindo. 
Não resolvi ir direto a psicanálise. Antes eu era tratada por psiquiatras, desde dos vinte e sete anos, quando tiver câncer no colo do útero.
Antes da psicanálise, escrevi minha dissertação de mestrado, que era minha pérola. Publiquei artigos sobre o tema em vários jornais de circulação nacional. 
Depois veio a psicanálise me mostrando os meus limites. 
Eu tratava em 1996, ano em que a Dissertação foi publicada, dos crimes praticados através de computadores.
Sonhava com a Universidade de Coimbra para fazer o meu Doutorado e defender a minha tese. Acho que não era nada de mais nada disto, mas não consegui.
Dizem que Deus escreve certo por linhas tortas, e nisto eu acredito. 
Não sei até onde irei com a psicanálise tão tumultuada. Só peço ao meu Deus Pai que me ampare, para eu não atentar contra a minha própria vida.
Maria Helena Junqueira Reis
Novembro/2014

quarta-feira, 19 de novembro de 2014


As rosas brancas que você tanto gostava eu não esqueci. Muito menos dos beijos que você me deu. Sei que você morreu como eu também. Quando você vivia tudo fazia sentido, agora não mais. 
Só de imaginar que você não está mais neste planeta me aterroriza. Já tenho sessenta e dois anos, e você partiu aos sessenta e seis. Será que Deus me dará a dádiva de ir embora daqui a quatro anos? Acho que não. Minha família vive muito. E eu vou ter que inventar milhões de coisas para cobrir a vida, como se qualquer coisa valesse a pena.
É assim que se vive? 
Desculpe-me Jesus Cristo por indagar tanto, ao invés de baixar os olhos, como os grandes gênios da história. Eles sim perceberam a pequenez de si mesmos. O grande Newton, pai da física moderna, que nasceu numa noite de Natal deixou escrito: "passei minha vida na beira da praia, catando conchas, umas aqui, outras ali. Umas mais lisas, outras mais grotescas, enquanto o grande oceano da verdade permanecia muito longe de mim".
Maria Helena Junqueira Reis
Novembro/2014

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

ELE E EU

Jamais pensei sentir na minha vida, ou melhor, nesta altura da minha vida, sentimentos mais nobres e puros como estes. 
Queria mesmo era eternizar o momento e fazê-lo reluzir para sempre. Posso deixar escondidinho no meu coração nada mais, e, principalmente, guardá-lo contra as intempéries da vida. Viva o amor!

Maria Helena Junqueira Reis
Novembro/2014

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Paciência

Está chegando outra vez o Natal. Incrível como o tempo está correndo. A única coisa que eu quero do menino Jesus é um pouco mais, ou muito mais, de paciência. Não sei se a vida exige mais isso, mas percebo que não estou com paciência para nada. Por mim, Jesus já deveria vir glorioso, para julgar os vivos e os mortos e para acabar com essa bagunça que o mundo virou. 
Esqueço porém que o tempo de Deus é diferente do nosso e que ele é o verdadeiro dono da história, e não eu.
Maria Helena Junqueira Reis
Outubro de 2014

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

O que esperar da vida?

Nada dizem os entendidos. Tudo depende de cada um.
Eu, meu irmão, esperei um pouquinho da vida e fiquei frustrada e ainda sou.
Tenho sofrimento mental, como muitos, e por isso mesmo, nossas limitações são grandes. Não dá para nos colocar dentro de um "anúncio de margarina da TV".
Por favor, se você conhece alguém para nos ajudar, mande-me o endereço, porque por enquanto só conheço a divindade que talvez só apareça no juízo final.
Maria Helena Junqueira Reis
Outubro de 2014

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

O beijo de Judas

Não imagino a dor de Cristo quando Judas o traiu. Acho também que não teria o direito de escrever sobre isto sem ser teóloga.
Falo então de maneira simples por perceber quantos "beijos" assim são dados no mundo até o dia de hoje.
Ontem mesmo foi o meu dia, ou melhor, a minha noite de provar isso.
Chorei muito no cantinho do meu quarto, sem entender a razão dessa traição. 
Faço análise há vinte anos para me conhecer melhor e melhorar. 
Eu me esqueço que não é bem isso o que as pessoas do mundo procuram. Sinto-me sozinha numa bifurcação, como se o mundo corresse em direção oposta. 
Aí eu me recolho no meu quartinho pequeno para esquecer disto tudo. 
Maria Helena Junqueira Reis
Outubro/2014

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

A biografia do meu pai

Meu pai morreu há dois anos e eu fui intima dele durante todo o tempo. Um privilégio que poucos tem. Ele e minha mãe criaram oito cidadãos de bem.
Que saudades dele meu Deus.
Fiquei casada somente seis anos na capital de São Paulo. Meu casamento não deu certo e os dois me receberam com uma mão na frente e a outra atrás. Meu estado físico e psíquico estavam péssimos, mas mesmo assim eles me aceitaram.
Meu pai era daqueles que nas noites sem lua cheia nos colocava no quintal para nos ensinar constelações. Ele era engenheiro civil, mas queria mesmo ser um astrônomo. Em Belo Horizonte não havia a menor perspectiva para isso.
Desculpe-me meu eventual leitor, não consigo escrever mais nada.

Maria Helena Junqueira Reis
Outubro/2014

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

O mundo está ficando louco?

Acho que sim. São inúmeros o número de psicólogos, psiquiatras, psicanalistas, terapeutas ocupacionais, tentando colocar o mundo nos trilhos. Por sua vez estes mesmos profissionais se tratam. 
Remédios diversos. É cada nome que pelo amor de Deus...
Conheço um caso interessante: a mulher tinha dor na coluna, porque tinha que viajar de uma cidade para a outra para trabalhar. O médico ortopedista não teve dúvida, receitou o uso de Pamelor, remédio psiquiátrico, e ela ficou boa.
Crianças estão precisando de psicólogos e até de remédios. Que doidera meu irmão...
O mundo está com medo da criminalidade, dos "amigos" e então haja bebida.
Se você tem uma ideia melhor disso coloque no comentário porque eu talvez assim mude de ideia.

Maria Helena Junqueira Reis
Outubro de 2014

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Agradecimento

Agradeço ao Doutor Henri Kaufmanner a indicação do Freud Cidadão. De fato meu grande analista que há vinte anos trabalha comigo estava certo. Foi aqui que encontrei afeto, o verdadeiro afeto. Aqui eu fui acolhida há dois anos. Aprendi a fazer com as minhas mãos objetos de argila, pinturas e a escrever os meus textos e as minhas poesias. Foi aqui também que eu percebi que não sou melhor do que ninguém. Foi aqui que aprendi que cada um é único perante Deus e perante o mundo.

Maria Helena Junqueira Reis
Outubro de 2014

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Que tipo de mãe que você tem?

Minha mãe não é exatamente uma nuvem de algodão doce, parece mais um porco espinho, quando a gente pisa no calo dela...
Mas, vamos e convenhamos, ela conseguiu criar oito filhos sozinha, ou melhor, criou oito cidadãos de bem.
Nunca dormimos em lençóis sujos, nunca passamos fome e ficou casada 65 anos, e com a fé em DEUS, suportou coisas que até Ele duvida. 
Ela costuma dizer para todo mundo, "que Deus não deixa acontecer nada de ruim com ela".
Eu a amo demais, mas muitas vezes, eu sinto que não a mereço.
Desculpe-me minha mãe, e que DEUS me perdoe também.

Setembro de 2014
Maria Helena Junqueira Reis

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O vício da tristeza


Pensei que eu só tinha um vício: fumar cigarros. Ledo engano. Eu tenho também, o vício da tristeza. Quando vai anoitecendo e os pássaros vai sumindo com o sol, é a tristeza que vai chegando.
Sorrateira, sorrateira, e eu vou despencando, até "achar petróleo". É aí que meço o nível da minha tristeza meu irmão. Até as estrelas e a lua me parecem feias com aquela escuridão. Aí ninguém pode fazer nada. É aquela nostalgia, é aquela volta ao passado, pensando apenas: nas minhas escolhas equivocadas que eu vou te contar. Aí eu fico pensando que sou menos que uma ameba. Minha sorte é quando o sono chega, e acordo com a claridade do sol. 

Setembro de 2014
Maria helena Junqueira Reis


quarta-feira, 10 de setembro de 2014

A FALÊNCIA DAS INSTITUIÇÕES

Sou do século passado, não estou entendendo nada do século XXI.
Estudei Direito em instituições diferentes: Universidade Católica de Minas Gerais, Universidade Mackenzie de São Paulo, Faculdade Milton Campos e depois Faculdade de Direito de Minas Gerais.
Tive excelentes mestres, a salientar o professor Carlos Mário da Silva Veloso, ex- ministro do Supremo Tribunal Federal.
Fico abismada de ver como se tornou o Supremo ressalvando aqui o ilustre ex-ministro Joaquim Barbosa. Pena que ele não vai se candidatar à Presidência da República. Ganharia fácil. Mas ele, porém, não tem sangue de político ligado a conchavos e a participar daquelas discussões infinitas na Câmara e no Senado, para a sanção presidencial.
Ele já com problemas de saúde, quis mesmo é cair fora, antecipando a sua aposentadoria. 
A mim me parece, que lá, em Brasília, há o micróbio da corrupção. Começam a roubar nas suas bases eleitorais para depois roubar de fato na capital federal.
A meu ver, Brasília só ajudou os goianos, nada mais. Para mim que já vi muita coisa, dá vontade é de implodir o Distrito Federal. 
Dito isso vamos falar da falência da religião católica. 
O papa alemão, passou para as mãos do papa Francisco a dura incumbência de moralizar a igreja, o banco do Vaticano, dentre outras coisas mais pesadas, como a pedofilia.
Vi hoje na TV a preocupação dele com os conflitos armados. Pobre Francisco. é coisa demais para ele. Rezemos e muito como ele pediu, no primeiro dia em que ele apareceu na sacada do Vaticano. 
Prometo não falar mais sobre falências. O mundo está doente. o que posso eu fazer senão rezar, e pedir a DEUS misericórdia para os habitantes deste planeta, antes que não sobre pedra sob pedra. 

Maria Helena Junqueira Reis
setembro/2014

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

A Troca

Eu lhe deu um punhado de estrelas, por um raio de sol.
A lua muito safada é amante do sol, podes ficar com ela de graça, 
porque eu quero mais é viver mais um dia brilhante mesmo que chova, ok!

Maria Helena Junqueira Reis
Setembro/2014

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Amor

Eu queria só um dia ser Deus. 
Para dar para você, um mar cheio de estrelas.

Maria Helena Junqueira Reis
Agosto/2014

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Memória Curta

Não entendo o que acontece no mundo. 
Também não sei se eu com sessenta e dois anos tenho uma memória privilegiada. Só sei que fatos marcantes da história não deveriam ser esquecidos. 
Ontem li no jornal o Globo um colunista importante falando que : "É muito estranho que os governantes estão tão próximos das empreiteiras". Adorei ler isto. Será isto uma novidade? Quem se lembra da CPI de 1993?
Acho que deveríamos observar as questões de superfaturamento e outras imundices que assolam o mundo todo. 
Cuidado pessoal.
Como dizia meu pai: "Deus é o senhor da história". O tempo Dele não é o nosso e ele pode acabar com isto tudo a qualquer hora. 
Maria Helena Junqueira Reis
Agosto de 2014

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

O prêmio Nobel da Matemática

Pela primeira vez na história o prêmio Nobel de matemática saiu para um brasileiro.
Meu pai deve estar feliz no céu, pois ele era um matemático de mão cheia. Escreveu três livros de cálculo numérico e foi diretor do Instituto de Ciências Exatas na Universidade Federal de Minas Gerais.
Pena que o país não valoriza nada disto.Dá mais certo jogar futebol.
O ganhador do prêmio Nobel com certeza não ficará aqui neste país. Ele poderá trabalhar em instituições de pesquisa em qualquer lugar do mundo.
Estamos exportando gênios porque aqui não dá para ficar.

Maria Helena Junqueira Reis
Agosto de 2014

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Quando eu morrer

Quando eu morrer quero dizer a DEUS que fiz o que pude;
Quando eu morrer quero despedir de cada passarinho que amei em vida;
Quando eu morrer também quero despedir das rosas brancas que ornarão o meu caixão.
Os anjos com suas asas brancas virão me buscar cheios de purpurina e vão me jogar no útero das estrelas, até o dia da ressurreição.

Agosto de 2014
Maria Helena Junqueira Reis

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Em busca da luz

A luz não está no ouro, na prata ou num diamante azul. A luz está em DEUS. Ele criou tudo o que existe e o universo está em franca expansão. Os telescópios mais potentes, não me deixam mentir. 
Até acredito, piamente, que o corpo quando morre a energia vai para a luz celestial e que DEUS com a sua infinita misericórdia e amor recolhe esta energia para dar mais luz pelos infinitos caminhos do universo. 
DEUS nos ama acima de tudo, nós somos seus filhinhos e Ele perdoará tudo, quando chegarmos perto Dele e recebermos o definitivo abraço do Pai.
Maria Helena Junqueira Reis
Julho/2014

quinta-feira, 24 de julho de 2014

APESAR DE TUDO

Apesar da guerra em Gaza,
Apesar de tudo o mais que a criminalidade avança no mundo,
O sol nasceu de novo
Trazendo tudo o que há de belo na vida.

Li uma vez, no livro de um astrofísico,
Que o sol um dia vai se apagar.
Se isso um dia acontecer,
Adeus vida no planeta.

Se Deus não fosse misericordioso,
Ele já teria acabado com esta bagunça.

Eu não sei de nada,
E, por isso, não posso adivinhar os desígnios do CRIADOR.
Só sei que devemos acreditar Nele
Porque só Ele pode virar essas páginas horríveis da História.

Maria Helena Junqueira Reis

Julho de 2014

quinta-feira, 3 de julho de 2014

DIVERSIDADE

Ela diz que sim,
Eu digo que não.
A pior coisa que existe é a tal da linguagem.
Os animais não falam. Parece que são mais felizes.
Os passarinhos são os mais felizes, no meu entender.
São seis horas da manhã, e eu já acordei com o barulhinho deles.
Eles são meu despertador.
Pode chover, mas, mesmo assim, estão cantando.
O sol vence a noite, e isto é bom.
Eles vão cantar o dia inteiro, até que venha a noite, que traz escuridão.

As estrelas e os planetas são bonitos, mas nada mais lindo do que o canto dos passarinhos.

Maria Helena Junqueira Reis
Julho de 2014 

segunda-feira, 16 de junho de 2014

A ALEGRIA DA MENINADA

Ainda bem que a presente Copa do Mundo não foi feita pra gente grande.

Os adultos criam uma confusão que eu vou te contar.

Para mim, a Copa foi feita para todas as meninas e meninos do mundo, desde aqueles que usam bola de meia até para aqueles que têm bola oficial.

Se o time brasileiro não ganhar a taça, pode ter a certeza de que não serão as crianças que vão sair quebrando.

Quando muito eles vão se entristecer, mas seus ídolos continuarão os mesmos porque a criançada reconhece um bom futebol.


Pra frente Brasil!



Maria Helena Junqueira Reis
junho de 2014

quarta-feira, 21 de maio de 2014

AUSÊNCIA DE LUZ


A melancolia que sinto é coisa profunda demais para se medir.

Tristeza, saudade, lembranças.

Pessoas importantes para mim que se foram. Vontade de ir também.

Vontade de carregar minhas rosas brancas para o infinito luminoso.

Dizem que isso tem hora e vez. Espero que esta dádiva chegue logo.

Nada mais tenho para dizer, e viver. 

Quero ficar num quarto escuro, como se fosse o meu caixão. Nada mais.


Maria Helena Junqueira Reis

21 de maio de 2014

quarta-feira, 14 de maio de 2014

MEU PAI


         Pai, devo-lhe uma biografia, mas não consigo fazê-la.
         Talvez não consiga porque foi muito difícil te perder.
         Eu me lembro tanto da sua luta para vencer a morte e você sabia disso, não é?
         Meu amor por você não vai acabar nunca, pode ter certeza.
         Obrigada por tudo, papai, as galáxias longínquas te envolvem e, um dia, eu te encontrarei por lá.
Maria Helena Junqueira Reis

Maio de 2014

quarta-feira, 7 de maio de 2014

A formiga solitária


         Eu sou uma formiga solitária desde que saí do útero da minha mãe.
         Tenho, hoje, 61 anos e nunca experimentei algo diferente.
         Estou vendo, ali no chão, uma formiga completamente só. E ela continua caminhando, e ultrapassando seus obstáculos.
         Penso: “Será que ela tem uma missão no mundo?”
         Eu sou menos do que uma formiga, porque ainda não descobri uma função para mim. Vou morrer sem saber.
         Um dia, quando eu morrer, vou perguntar a Jesus a razão disto tudo porque eu não aguento mais sofrer.


Maria Helena Junqueira Reis

quarta-feira, 2 de abril de 2014

A APOSTA


Para o Doutor Henri Kaufmanner:

Houve um tempo em que não havia flores.
Houve um tempo em que tudo era seco e árido.
Houve um tempo, ou há um tempo, dependendo dos olhos de quem vê.
Meus olhos são de um infinito verde, acompanhado de uma infinita tristeza.

Preciso dos olhos do Henri, e de suas mãos,
Para que ele me mostre onde estão as flores,
Ou pelo menos para me mostrar a terra fértil,
Onde plantarei rosas.

Maria Helena Junqueira Reis.

quarta-feira, 26 de março de 2014

A LUZ DE KEPLER

Há luzes que brilham nos céus, as de Kepler iluminam a história.


* * *


Johannes Kepler nasceu no dia 27 de dezembro de 1571 na cidade de Weil na Alemanha, entre a Floresta Negra, o Necker e o Rio Reno. A cidade era linda e tinha apenas duzentos habitantes.

A infância de Kepler, contudo não foi feliz. O pai, aventureiro e mercenário escapou por um milagre da forca. A mãe, Katarina foi criada por uma tia a quem, um dia, queimaram como bruxa. A própria mãe de Kepler foi acusada na velhice, de se ligar ao diabo e quase teve o mesmo fim.

Foi Johannes uma criança enferma. Nasceu com a vista defeituosa (péssimo para um futuro astrônomo).

Apenas dois fatos são lembrados por ele, com alegria, na infência: o cometa de 1577 e a eclipse da lua que parecia inteiramente vermelha. Mas tudo há compensações. As de Kepler foram as excepcionais facilidades de educação de seu país natal.

Primeiramente ele foi enviado a um seminário protestante para vir a ser um clérico.

A primeira coisa que ele percebeu foi imaginar a sua indignidade perante Deus. Arrependeu-se de tudo e quis obter a salvação.

O Deus de Kepler era o poder criado do cosmos.

Kepler estudou teologia, grego, latim, música e matemática. Depois de ler Euclides, chegou à conclusão: ela é o próprio Deus. Veio daí sua paixão inesgotável de procurar Deus na própria ciência, além de desejar tirar a Europa medieval, daquele tempo obscuro.

O currículo educacional possibilitara a ele perceber os primeiros sinais de mutação na história da ciência.

A compreensão dos movimentos do planeta, a procura de uma harmonia silenciosa dos céus, perdurou uma vida inteira. Ele se fixou na idéia dos cinco sólidos pitagóricos e ficou em êxtase durante uma aula que ele estava dando para poucos alunos desinteressados. Ficou muitos e muitos anos pesquisando o que ele denominou de "O Mistério Cósmico". Publicou livro com essa temática aos vinte e cinco anos. Vinte e cinco anos depois publicaria o mesmo livro depois de realizada a sua obra, ou seja, descobrimento das três leis básicas da astronomia, destruição do universo de Ptolomeu, criação dos alicerces da moderna cosmologia, basicamente.

A idéia do movimento dos planetas em órbitas circulares não dava certo. Johannes continuou em sua busca. Ele sabia que havia somente então um homem no mundo que tinha observações mais preciosas das posições planetárias aparentes: um nobre dinamarquês chamado Tycho Brahe. Kepler, sua esposa e enteada foram para Praga encontrar-se com o dinamarquês, mas as duas morreram na viagem vítimas de uma peste negra que assolava a Europa.

Numa noite Tycho Brahe exagerou da comida e dos vinhos e por outras complicações se viu no leito de morte. Segurava nas mãos de Kepler e repetia inúmeras vezes: "Por favor, não me deixe morrer sentindo que vivi em vão". Assim falou até morrer. Kepler continuou suas pesquisas e só muitos anos mais tarde concluiu que as órbitas não eram circulares, mas elipticas, codificadas pela primeira vez na biblioteca de Alexandria por Apolônio de Perga.

Através de suas descobertas, escrito aqui apenas por uma admiradora da história da ciência podem se resumir, nas três leis básicas da astronomia, as quais, em última análise, levaram o homem à Lua.

A história de Kepler não se resume apenas a isso, completo dizendo que apesar de tudo ele terminou sozinho fazendo horóscopos para reis. Antes de morrer fez o seu epitáfio que diz:

"Passei a vida medindo céus, agora meço as trevas.

Mas aqui jaz somente a sombra do corpo, o espírito é celeste".

Encontrei um epitáfio de anônimos desconhecidos da mesma época: "Quem ama estrelas na vida não tem medo da escuridão da noite".



Maria Helena Junqueira Reis


ORAÇÃO



          Tudo o que nos resta na vida é nos conformar.
          Abaixar nossos olhos a DEUS e pensar o tão misericordioso que ele é.
          Apesar do mundo tê-lo esquecido, ele nos ama ainda assim.
          Devemos dizer: sempre, obrigada, Senhor. Obrigada.

                                                                                 Maria Helena Junqueira Reis

quarta-feira, 19 de março de 2014

O SILÊNCIO DE CRISTO


"No princípio era o verbo".
São João não precisava dizer mais nada.
Este verbo é intransitivo.
Não precisa de complemento, ele fala por si só.
Também o tempo de Deus é outro, e não o nosso.
Nossa vida é um breve momento, e só.
Ele é quem sabe.
Conheci a Bíblia no colégio de freiras onde fui educada.
O Velho Testamento é de assustar.
Se você não crê em nada tente mudar, antes que Cristo fale.


Maria Helena Junqueira Reis
novembro de 2013

LIÇÃO DE VIDA

Olhem as formiguinhas... na sua pequenez, catam folhinhas, umas aqui, outras ali. Se por acaso alguém as matar, outras surgem fazendo o mesmo. Nunca pensem que as formiguinhas desistem quando estiverem diante dos problemas da vida. 

Se elas, dentro da sua pequenez, não desistem, por que é que nós, seres humanos, desistiríamos?

Não é uma questão absurda?

DESEJO

Eu sou do dia.
Ela é da noite.
O que é mais importante: contar estrelas ou dormir cedo para contar os passarinhos.
Queria muito ser um pássaro.
Eles não precisam de controlador de vôo, viajam quilômetros e quilômetros fugindo das intempérias.
Passarinho.
Isto é o que eu gostaria de ser.

Maria Helena Junqueira Reis

quarta-feira, 12 de março de 2014

A HORA E A VEZ DOS PASSARINHOS

     Detesto a noite. Prefiro dormir cedo e lá pelas tantas da matina ser acordada pelo canto dos pássaros.
     Eles começam a piar aos poucos e quando o sol, o astro rei, aparece, eles formam uma orquestra linda.
     Uma vez perguntei para algumas pessoas se achavam que passarinhos têm depressão.
     Eu acho que sim. À noite eles vão se recolhendo deixando a bagunça da cidade grande maluca para lá.
     O negócio deles é com aquele ar puro da manhã, antes que os doidos de jogar pedra acordem.
     São muito sabidos.
    Meu pai me contou, um dia, que o joão-de-barro faz a sua casinha com o cuidado de um engenheiro e deixam a janela e a porta abertas. Quando um passarinho preguiçoso e oportunista a invade, ele imediatamente tampa a porta e a janela com barro, e o invasor morre.
     Nossa, estou escutando o barulho de trem, carros e betoneiras.
     Que droga! O encanto acabou...
 
 
Maria Helena Junqueira Reis

MANIFESTO

  Às vezes não temos palavras para descrever o nosso vazio, ou mesmo o nosso nada. 
  Melhor não pensar sobre isso, antes que a vida nos engula.
  Muitas pessoas têm esperança no futuro, eu não. Pelo contrário, tenho medo. 
  Os belos tempos já se foram, talvez porque eu era uma criança e só me importava com bonecas e bolas de gude, nada mais. 
  Nós que temos sofrimento mental precisamos de ajuda. 
  Isso tudo implica também em ter dinheiro para tratar. Caso contrário ficaremos como os indigentes loucos, os loucos encarcerados nas prisões e os loucos dos manicômios judiciários.
  Os resultados destes tratamentos são fantásticos...
  Tenho dezenove anos de análise e o sofrimento mental volta.
  Quem são os culpados? Ninguém. Como ouvi uma vez de um profissional: "você pode ter sofrido horrores, mas o mundo não tem nada haver com isto".
  Perdi a esperança, perdi meu pai, mas alguém também me falou: "A dor de um filho o pai escuta a longa distância". 


Maria Helena Junqueira Reis

BRINCADEIRA

Maria Helena Junqueira Reis



    Minha casinha de infância se desprendeu do chão. 
    Cadê meu pai, minha mãe, meus irmãos.
    Minha casinha foi embora como uma bolha de sabão.
    Dizem que a vida segue uma lei. Que lei é essa que não posso revogar?   
    Fiquei sozinha com minha canequinha de água e sabão. Ninguém para brincar.
    Dizem que as pessoas grandes se preocupam com outras coisas sérias, mas eu insisto em brincar. 

A partícula de Deus

A PARTÍCULA DE DEUS
     Peter Higgs britânico e François Englert belga, ganharam o prêmio de Física de 2013 por terem inferido a existência do bóson de Higgs. Foram cinquenta e cinco anos de pesquisa.
     Uma das mais importantes descobertas da ciência desde a Teoria da Relatividade, de Albert Einstein.
     Para ateus e não ateus, deve ter sido algo bastante forte para suas mentes e seus corações. Também não sei se ateu é burro. Parto do princípio que isso agora é CIÊNCIA e não especulações advindas de religiões, crenças, ou seja lá o que for.
     O gênio tímido que dá nome ao bóson vive em apartamento simples, não usa computador ou celular e não possui sequer uma TV. Porém construíram um aparato de fazer inveja. Circunferência de vinte e sete quilômetros, e cinquenta metros a cento e setenta e cinco metros de profundidade em que está instalado. Vou me abster de outras explicações científicas, porque isso já foi provado e finalmente o Prêmio da Academia de Estocolmo não é dado para qualquer um, e eu não sou infelizmente física.
     Leio muita biografia de físicos e percebo que Deus só cochicha suas verdades mais puras em ouvidos também puros.
     Leia meu caro leitor biografias deste naipe e verão que não estou delirando.
     A descoberta da partícula divina foi meu presente de Natal antecipado, porque se há uma coisa que eu não duvido é da presença de Deus, no micro e no macro cosmos.
     Viva tudo o que há de bom nisso e se puder leia Blaise Pascal, o gênio francês, que morreu aos trinta e nove anos de idade, dizendo: "Que Deus não me abandone jamais".
Maria Helena Junqueira Reis
outubro de 2013

quarta-feira, 5 de março de 2014

Cotidiana Realidade

Perdi o eixo
Perdi o prumo
Perdi o eco.
Perdi o texto que deveria falar neste palco.
Me perdi.
Procuro a mim mesma de forma desesperada.
Acho que não fui uma pessoa.
Eu era um conjunto de sonhos e não de átomos.
Foi dessa primeira forma que amei.
Lavei o rosto, o coração e a mente.
A partir daí pude sentir algo que quase justificou a minha existência:
O intenso e o puro.
Bonita combinação, Harmonizar isso tudo com a realidade
Foi a perdição.
Queria ao menos ser poeta
Para conhecer palavras ou formas
Que fossem fiéis a isso tudo.
Aquela intensidade não tem nome
Não tem forma
Não é mensurável.
Como não é mensurável a dor que sinto agora.
O triste da vida é viver num quarto escuro e ser atingida de repente por um raio de luz.
Como viver no quarto de novo, sabendo que existe brilho lá fora?
O cotidiano escurece.
Levante-se, vá para o emprego, coma, durma, tenha filhos,
Desenvolva um “script” já testado.
Nunca perceba um raio de luz.
Se você tiver uma cotidiana realidade,
Sinta-se bem.
Não somos deuses em nada.
O amor intenso e puro pertence a Vênus
Um deus não experimenta a incompletude
Nem a dificuldade do cotidiano
Brinquei de ser deusa,
melhor, brincamos.
Foi tudo apenas um quase.
Voltei para o quarto escuro.
Devo criar vínculos com o cotidiano,
mas meu coração não quer mais.

Maria Helena Junqueira Reis

ELOGIO À VIDA

ELOGIO À VIDA


Antes de morrer quero ver o sol nascer muitas vezes. 
Também quero ver o gaturamo do qual meu pai tanto falava.
Antes de morrer quero abraçar todas as crianças do mundo, e ser mãe de todas elas. 
Antes de morrer não quero mais contemplar a escuridão da noite, porque como toda criança quero brincar e não dormir. 
Antes de morrer quero estar com Henri, muitas vezes, porque foi com ele que fiz uma aposta.
Aposta brilhante, porque ele me fez me deliciar com a luz. 
                                                                                                    
 Maria Helena Junqueira Reis

CIDADÃOS TRANSPARENTES



   Com o advento da informática no Brasil, lembro-me, quando eu era pesquisadora do CNPQ e li pelo menos cinquenta livros que pedi por carta, aos EUA, à Espanha, à Alemanha, à Argentina e artigos de revistas especializadas que me mandavam, dizendo todos: "Nós vamos nos tornar cidadãos transparentes". Isso foi no começo da década de 90.
    O Brasil só perdeu muito tempo, por causa da reserva de mercado implantada, e só tinha um braço da internet para fins de pesquisa. 
    A internet chegou mesmo, salvo engano, em 1994.
    Não consegui muita coisa no mundo acadêmico, porque falavam que aquilo tudo que eu dizia era do mundo jornalístico.
    Imagine só, falar de crime de informática, no ano de 1990 na Revista dos Tribunais, e em jornais de grandes circulação.
    Não me arrependo. Pelo menos a verba o CNPQ comigo foi bem gasta. Agora nos anos seguintes, só vejo acontecer tudo que li e escrevi. 
    Sei bem a razão, da adiada reforma das leis penais: não interessa a ninguém.
    Estão sempre se esquecendo da tipicidade e enquadrando tudo no estelionato, preferencialmente.
    Gostaria pelo menos que agravassem as penas destes crimes mas os legisladores não pensam assim.
    Vejo também que vem trabalhando bem a Polícia Federal, lacrando todos os computadores e coisas afins para investigação dos crimes. Há também muita gente boa de investigação fazendo o mesmo.
    Não nasci para ser advogada penalista, mas sim Promotora de Justiça. Por uma série de razões pessoais, não me tornei uma promotora. Sei que a atividade dos advogados criminalistas não combinam bem com meu sangue. Mas isso não é objeto preferencial do meu artigo.
    A transparência dos cidadãos é coisa mais grave. Li em um livro que com a internet é possível saber tudo de sua vida, até o nome do motel que você,eventualmente, queira frequentar.
    Crimes muito mais sérios, como narcotráfico, também não são feitos na ponta do lápis.
    Não sou contra a internet, apenas gostaria que se não fossem tipificados outros crimes como por ex. a calúnia, a injúria e a difamação, fossem aumentadas as penas, sem essa exagerada preocupação com os Direitos Humanos.
    O controle da internet é e será sempre, um mito, é como um representante dos órgãos de pesquisa do assunto dos Estados Unidos diz: "SEGURAR A INTERNET É COMO SEGURAR UMA REPRESA QUE ESTÁ PARA EXPLODIR COM UM DEDO".


Maria Helena Junqueira Reis

O MUNDO DO CÁLCULO E O MUNDO DA LITERATURA

Outra vez me lembro do meu pai. Meu pai dava aulas de cálculo numérico na Escola de Engenharia da UFMG, até se tornar diretor do Instituto de Ciências Exatas. Ele até falava que houve um filósofo que dizia: "Mulher tem cabeça só para carregar cabelo". Devo pedir desculpas a ele porque ele não está mais aqui para se defender.
   O mundo virou de pólo: antes a França berço da cultura, depois os Estados Unidos, na época da guerra. O que sobrou? Sobraram milhões e milhões de pessoas ligadas fielmente à tecnologia, que advém do cálculo.
    Pobre de mim. Dentro da minha infância, tendo como professor de matemática um expert em cálculo. 
   Salvou-me o mundo da literatura. Acho hoje que quase ninguém busca as obras do renascimento, não conhecem Hamlet, Cervantes, Dante, Camões e tantos outros escritores que preenchem a alma da gente.
   Digo aos meus eventuais leitores, leiam, leiam muito porque afinal de contas vocês ainda não viraram computadores.
    O mundo da literatura nos leva ao amor, o mundo do cálculo não nos dá nem sequer a solução exata da raiz quadrada de dois.


Maria Helena Junqueira Reis

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

O Primeiro Input

      Foi numa madrugada de chuva fina que Zé Binário conheceu Maria Mainframe. Ela grande, enorme, quase gorda, ou como ela gostava de dizer: “sou de grande porte”. Ele parecia mais uma placa de CPU. Fino, magrelo, compactado mas muito capaz. O problema dele era ser binário, ou excessivamente binário. Para muitos analistas de sistemas psíquicos, ele seria um psicótico, um bipolar, com variações de humor radicais.Tudo era 0 ou 1.
    Maria Mainframe era Maria, apesar de Mainframe. Apesar de sua bipolaridade, era feminina. Havia uma zona escura, por assim dizer, na evolução tecnológica, quase humana daquela “Main”. O ambiente desta estória poderia ser DOS ou Windows, mas a bela lei do acaso misturou as coordenadas e o ambiente era só uma sala fria com ar condicionado.

    Zé Binário passara a noite desenvolvendo um software. Iria ficar rico. Aquela era uma das inúmeras noites nas quais ele desenvolvia seu programa. Main processava as informações do Zé. Ele olhou para o clock. Três e quarenta e três. Que sono, vontade de tomar banho, fritar bacon com ovo e tomar coca-cola. Comer algo, já que não estava ainda em moda, comer chips com azeite e sal. Zé Binário olhou em volta. A sala estava um pouco desarrumada, mas nem tanto. Não havia criança,esposa, bola de futebol ou indícios de uma vida conectada com o que todo mundo faz. Ele era eminentemente diferente. Estava mais conectado a fios e cabos,do que com a cotidiana realidade. Seus pais, não mais existiam. Seus irmãos desenvolviam seus enredos em outros arredores. Foi aí que o Zé Binário percebeu que seu mundo gravitava em torno daquelas máquinas e que isso não era bom ou ruim, era apenas diferente. Ele teve um raciocínio trinário e isto era um sinal de progresso. A Main continuava processando, outros de pequeno porte também. Havia mais do que uma magia científica naquela sala, havia um input inicial que se chamava afeto. Afeto: palavra inexistente na linguagem computacional que quer dizer: afeição, amizade, amor.
    Zé Binário se afeiçoou pelas máquinas e descobriu principalmente sua ligação amorosa com a velha Maria Mainframe. Este tipo de amor é mais fácil de lidar. A gente briga, pára, desliga a máquina, sai do sistema, às vezes volta. Assim Zé Binário se apaixonou pela Main e se deu seu primeiro input. Tal qual um beijo que acelera todas as partículas atômicas, agora o Zé pode perceber que sua família era eminentemente mecânica. Havia afeto naquele monte de circuitinhos, placas e cabos que o circundavam e que o conectavam com milhões de pessoas, que como ele, pareciam tão sós e tão mecanizadas.



Maria Helena Junqueira Reis

AS PEDRAS DE BECQUEREL

              Não sou cientista. Gosto das histórias da ciência. Não as ouço ou as leio com histórias, mas como "estórias", pois sou uma "criança velha" que nasceu para ouvi-las e me encantar com elas. Apenas isto. 
               Outro dia meu pai me contou um caso de um físico. Henri, Henri Becquerel. Este físico tinha umas pedras que produziam um certo efeito em chapas, como as de um fotógrafo. Ele as entregou para o casal Curie, relatou os fatos e daí começaram os estudos de Pierre e madame Curie que os levou à descoberta do "radium".
               Procurei saber quem teria sido este tal de Becquerel. O caso das pedras me despertou curiosidade. Encontrei um verbete. Becquerel nasceu em Paris em 1852 e morreu em Le Croisic em 1908. Filho de Edmond Becquerel. Aliás a família era toda de físicos: Antoine César, o primeiro. Seu segundo filho, Edmond; Henri, filho de Edmond e Jean filho de Henri.
               Henri estudou a fosforecência, ganhou um prêmio da Academia Francesa em 1989 e o Nobel em 1903. 
               O que me deixou encantada na história das pedras foi o fato de Henri ter entregado tudo, ou seja, as pedras, as informações com suas respectivas observações. Não sei o que o teria levado a fazer isto. No mundo em que vivemos, cheio de patentes, direitos autorais e coisas afins, isto me soou muito estranho. No meio da estranheza uma "dica" para eu entender melhor a vida: cada um de nós tem uma coisa, no sentido mais amplo da palavra. Seria, idéias, sentimentos, músicas, sorrisos, trabalhos dos mais humildes aos mais complexos. Isto tudo me pareceu semelhante às pedras de Becquerel. Senti que estamos aqui para passarmos pedras adiante. Quem não as passa "fura" o jogo. Não dá para blefar com o verdadeiro dono das pedras.
              Assim como fez Becquerel, devemos proporcionar à humanidade a continuidade deste jogo pacífico, mesmo que hoje seja a maior das utopias. 
               Se de uma simples observação com pedras nasceu o brilho da radioatividade, talvez dos nosso simples corações possa nascer o brilho ou o sentido de nossas vidas.