Perdi o eixo
Perdi o prumo
Perdi o eco.
Perdi o texto que deveria falar neste palco.
Me perdi.
Procuro a mim mesma de forma desesperada.
Acho que não fui uma pessoa.
Eu era um conjunto de sonhos e não de átomos.
Foi dessa primeira forma que amei.
Lavei o rosto, o coração e a mente.
A partir daí pude sentir algo que quase justificou a minha existência:
O intenso e o puro.
Bonita combinação, Harmonizar isso tudo com a realidade
Foi a perdição.
Queria ao menos ser poeta
Para conhecer palavras ou formas
Que fossem fiéis a isso tudo.
Aquela intensidade não tem nome
Não tem forma
Não é mensurável.
Como não é mensurável a dor que sinto agora.
O triste da vida é viver num quarto escuro e ser atingida de repente por um raio de luz.
Como viver no quarto de novo, sabendo que existe brilho lá fora?
O cotidiano escurece.
Levante-se, vá para o emprego, coma, durma, tenha filhos,
Desenvolva um “script” já testado.
Nunca perceba um raio de luz.
Se você tiver uma cotidiana realidade,
Sinta-se bem.
Não somos deuses em nada.
O amor intenso e puro pertence a Vênus
Um deus não experimenta a incompletude
Nem a dificuldade do cotidiano
Brinquei de ser deusa,
melhor, brincamos.
Foi tudo apenas um quase.
Voltei para o quarto escuro.
Devo criar vínculos com o cotidiano,
mas meu coração não quer mais.
Maria Helena Junqueira Reis
A poesia renova seu coração e o de quem lê!!! Obrigada Maria Helena, pelo vínculo cotidiano!
ResponderExcluirQuem escreve tem que assinar né!? Marisa
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