Há luzes que brilham nos céus, as de Kepler iluminam a história.
* * *
Johannes Kepler nasceu no dia 27 de dezembro de 1571 na cidade de Weil na Alemanha, entre a Floresta Negra, o Necker e o Rio Reno. A cidade era linda e tinha apenas duzentos habitantes.
A infância de Kepler, contudo não foi feliz. O pai, aventureiro e mercenário escapou por um milagre da forca. A mãe, Katarina foi criada por uma tia a quem, um dia, queimaram como bruxa. A própria mãe de Kepler foi acusada na velhice, de se ligar ao diabo e quase teve o mesmo fim.
Foi Johannes uma criança enferma. Nasceu com a vista defeituosa (péssimo para um futuro astrônomo).
Apenas dois fatos são lembrados por ele, com alegria, na infência: o cometa de 1577 e a eclipse da lua que parecia inteiramente vermelha. Mas tudo há compensações. As de Kepler foram as excepcionais facilidades de educação de seu país natal.
Primeiramente ele foi enviado a um seminário protestante para vir a ser um clérico.
A primeira coisa que ele percebeu foi imaginar a sua indignidade perante Deus. Arrependeu-se de tudo e quis obter a salvação.
O Deus de Kepler era o poder criado do cosmos.
Kepler estudou teologia, grego, latim, música e matemática. Depois de ler Euclides, chegou à conclusão: ela é o próprio Deus. Veio daí sua paixão inesgotável de procurar Deus na própria ciência, além de desejar tirar a Europa medieval, daquele tempo obscuro.
O currículo educacional possibilitara a ele perceber os primeiros sinais de mutação na história da ciência.
A compreensão dos movimentos do planeta, a procura de uma harmonia silenciosa dos céus, perdurou uma vida inteira. Ele se fixou na idéia dos cinco sólidos pitagóricos e ficou em êxtase durante uma aula que ele estava dando para poucos alunos desinteressados. Ficou muitos e muitos anos pesquisando o que ele denominou de "O Mistério Cósmico". Publicou livro com essa temática aos vinte e cinco anos. Vinte e cinco anos depois publicaria o mesmo livro depois de realizada a sua obra, ou seja, descobrimento das três leis básicas da astronomia, destruição do universo de Ptolomeu, criação dos alicerces da moderna cosmologia, basicamente.
A idéia do movimento dos planetas em órbitas circulares não dava certo. Johannes continuou em sua busca. Ele sabia que havia somente então um homem no mundo que tinha observações mais preciosas das posições planetárias aparentes: um nobre dinamarquês chamado Tycho Brahe. Kepler, sua esposa e enteada foram para Praga encontrar-se com o dinamarquês, mas as duas morreram na viagem vítimas de uma peste negra que assolava a Europa.
Numa noite Tycho Brahe exagerou da comida e dos vinhos e por outras complicações se viu no leito de morte. Segurava nas mãos de Kepler e repetia inúmeras vezes: "Por favor, não me deixe morrer sentindo que vivi em vão". Assim falou até morrer. Kepler continuou suas pesquisas e só muitos anos mais tarde concluiu que as órbitas não eram circulares, mas elipticas, codificadas pela primeira vez na biblioteca de Alexandria por Apolônio de Perga.
Através de suas descobertas, escrito aqui apenas por uma admiradora da história da ciência podem se resumir, nas três leis básicas da astronomia, as quais, em última análise, levaram o homem à Lua.
A história de Kepler não se resume apenas a isso, completo dizendo que apesar de tudo ele terminou sozinho fazendo horóscopos para reis. Antes de morrer fez o seu epitáfio que diz:
"Passei a vida medindo céus, agora meço as trevas.
Mas aqui jaz somente a sombra do corpo, o espírito é celeste".
Encontrei um epitáfio de anônimos desconhecidos da mesma época: "Quem ama estrelas na vida não tem medo da escuridão da noite".
Maria Helena Junqueira Reis