Sou a segunda filha de uma família constituída de oito filhos. Todos foram criados com muita dificuldade. Graças a Deus saíram oito filhos de bem. Meu pai morreu e eu não sei porque ainda não consegui enterrá-lo. Ele era meu amigo, meu incentivador e fez o possível e o impossível por mim. Por causa dos meus problemas mentais. Hoje sou especialista em ciências penais pela Universidade Federal de Minas Gerais. Todos os meus irmãos tem curso superior. Minha mãe lavava, passava, cozinhava e meu pai era um professor da Escola de Engenharia da Federal. A vida do meu pai foi muito triste, mas ele conseguiu vencer o impossível. A minha mãe também. Me casei aos vinte e um anos e fui morar na capital de São Paulo. O casamento foi terrível até o dia que meu marido me devolveu para o meu pai. Voltei para Belo Horizonte com uma mão na frente e outra atrás e eles me acolheram mesmo assim. Passei bons momentos como filha única porque meus irmãos foram se casando. Confesso que errei muitas vezes com os dois. Agora a minha mãe está com noventa e dois anos de idade com insuficiência cardíaca e respiratória. Não sei como Deus vai resolver este caso pra mim, mas tenho muito medo de ficar só. Pena que a vida não é uma festa. Acredito, contudo, que Deus nos ama e é misericordioso e um dia nos encontraremos ressuscitados nesse infinito que não para de se expandir.
Maria Helena Junqueira Reis
Belo Horizonte, 31 de julho de 2017.