quarta-feira, 29 de abril de 2015

A solidão que me atormenta

Esta é uma verdade. Todos que convivem comigo dizem: a gente nasce sozinho, vive sozinho, e morre sozinho. Que droga de consolo.
Ás vezes penso que todo mundo é diferente de mim, que só eu sinto essa coisa.
Quando o meu pai morreu, à noite, passei a ter uma solidão terrível à noite. Só me sinto bem quando vejo os primeiros raios de sol, o cantar dos passarinho, aí sim me levanto alegre, porque o sol venceu a noite. Não sei de onde eu tirei isso: a noite para mim é a morte, e o dia, a vida.
Talvez quando eu morrer Deus me explique tudo isso, porque por enquanto nem Freud nem Lacan me trouxeram consolo.
Ô solidão brava meu Pai do céu!
Maria Helena Junqueira Reis
29/04/2015

quinta-feira, 16 de abril de 2015

As borboletas amarelas

Que saudades da minha avó. Foi ela que me ensinou que vovó usa grampinho e vovô usa chapéu. Depois do almoço, ela falava comigo: "minha filhinha, vamos esquentar no sol?". Aí nós ficávamos sentadinhas na varanda diante do jardim de rosas que ela cultivava. Quando aparecia borboletas amarelas sem nenhuma cor diferente, nenhum detalhe nas asas ela falava: "estas borboletas não são boas para o meu jardim. " Ela nunca me respondeu porque. O que ela falava para mim era uma lei.
Até hoje eu me lembro disso e dela. Ela fazia arroz, feijão, um pedaço de carne de porco tirado da lata de banha que ficava na geladeira, e muita batata frita. 
Ó minha avó, que agora está no céu. Olhe para mim, jamais esquecerei de você nem tampouco das borboletas amarelas.
Saiba de uma coisa: sempre te amei e jamais deixarei de te amar.
Maria Helena Junqueira Reis
Abril/2015